Pescador flagra jacaré nadando no Balneário da Amizade.
- G1.com
- 5 de out. de 2015
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A presença de um jacaré no Balneário da Amizade, perto da margem de Presidente Prudente, deixou o açougueiro Caíque Vitorino, de 22 anos, assustado. Ele estava no local na manhã desta segunda-feira (5) para pescar, mas desistiu. Porém, antes de sair de lá, ele filmou o réptil na água.
Ele conta que costuma pescar no balneário e, no momento em que foi ver a situação da água, achou que tinha visto um tronco boiando. “Mas aí começou a mexer, eu vi a cabeça e reparei que era um jacaré. Fui ao carro buscar meu celular e gravei quando ele chegou perto da margem”, disse ao G1. Veja acima o vídeo gravado por Vitorino.
O açougueiro comentou que nunca ouviu relatos sobre jacarés no balneário, mas apenas sobre a existência de capivaras no local. “Como eu estava sozinho, fui embora. Mas um pouco mais para baixo tinham dois homens pescando também, eu os avisei e sai de lá”, falou Vitorino.
Com o “flagrante”, ele enfatizou que não vai voltar mais para pescar. “O jacaré estava nadando em direção ao balneário e pescar, só se for no Rio Paranapanema, agora”, destacou.
Segurança de todos O Balneário da Amizade é de responsabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O secretário da pasta, Wilson Portella Rodrigues, afirmou ao G1 que não ficou sabendo sobre o jacaré avistado nesta segunda-feira (5), mas que é "bem provável" a presença de réptil no balneário. "Em todos os lagos em volta tem e eles podem passar de um para o outro", afirmou.
Ele salientou que não vê problemas da presença de jacarés no local, já que é o ambiente onde eles vivem. Quanto à segurança dos usuários, Rodrigues reforçou que a parte dos banhistas é cercada e vigiada por funcionários.
Além disso, o secretário disse estar preocupado com a segurança dos animais também.
"Não queremos que o balneário vire um local de caça predatória de capivaras, peixes e jacarés. Temos de trabalhar para manter um convívio saudável entre os humanos e os animais. Queremos manter um espaço seguro a todos para uso dos homens e dos bichos. Por isso, todos os animais são bem-vindos", pontuou.
Rodrigues reforçou que, caso alguém presencie um animal sendo caçado, a denúncia pode ser feita aos funcionários ou à secretaria pelo telefone (18) 3906-5275.

O jacaré O biólogo Paulo Antônio da Silva, que é doutor em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais, viu a imagens do jacaré e disse ao G1que não dá para ter certeza quanto à espécie do animal, mas que pode ser o chamado jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris).
"Esse é o jacaré mais comum na porção sul e central do Brasil. Ocorre em praticamente todos os tipos de corpos d’água, como pântanos, charcos, rios, riachos, lagos e lagoas, sobretudo, com vegetação densa. Ele pode ter chegado ao local através de um córrego, nada tão mirabolante, pois se movimentam bastante", explicou.
O especialista ainda reforçou que o animal pode ter chegado até o balneário também por meio de uma enchente, já que tem chovido muito na região. "Ele simplesmente pode ter sido carregado por uma forte correnteza. Resta saber se o balneário será um bom lugar para ele viver. Isso é fácil, mediante a averiguação de sua persistência no local", enfatizou.
O biólogo também informou que este tipo de jacaré pode viver até 50 anos, com tamanho entre dois e 3,5 metros. A espécie bota de 20 a 60 ovos em ninhos nas margens dos rios. Este réptil é carnívoro e se alimenta, sobretudo, de peixes e moluscos, crustáceos, oportunisticamente aves, ungulados e outros répteis.
Já a respeito dos riscos aos humanos, o biólogo pontuou que não há problemas, desde que o jacaré não seja incomodado. Contudo, ele confirmou que "o contato com o animal pode levar a graves ferimentos, pois os jacarés apresentam uma mordida muito forte".
Silva enfatizou que o jacaré é importante para controlar a população de moluscos e, portanto, contribuir para reduzir a incidência de algumas doenças, como a esquistossomose, que é popularmente conhecida como "barriga d’água".
Assim como o secretário do Meio Ambiente, o biólogo lembrou que esses jacarés são muito caçados para a exploração do couro ou de sua carne. "Vale lembrar, no entanto, que sua captura é um crime ambiental, sendo previstas penas severas ao caçador", finalizou o pesquisador.
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